LONDRES (Reuters) - Um retrato controverso de uma menina que muitos acreditam ser a única pintura conhecida da escritora inglesa Jane Austen vai a leilão nesta quinta-feira em Nova York, e a expectativa é que seja arrematado por até 800 mil dólares.

 

Henry Rice, parente distante da autora de clássicos como "Orgulho e Preconceito" e "Razão e Sensibilidade", reconheceu que a venda de uma tela que há muito tempo divide as opiniões de especialistas não deixará de ter seus detratores.

 

Em 1948, um especialista importante em Jane Austen negou a autenticidade do quadro, dizendo que o estilo de roupa usado pela menina do retrato não corresponde ao que era usado na época de Austen.

 

Rice e sua família nunca duvidaram de que a menina de vestido branco longo, carregando uma sombrinha, fosse sua antepassada. Acredita-se que a tela data de 1788 ou 1789, quando Jane Austen teria 14 anos.

 

Rice submeteu a tela ao exame de vários acadêmicos, incluindo a professora Claudia Johnson, da Universidade Princeton (EUA), especialista em Jane Austen, e eles confirmaram a atribuição original e o tema da tela.

 

"O quadro tinha mais ou menos caído num abismo", disse Rice à Reuters em entrevista no mês passado. "Então decidi aceitar o desafio e descobri que muitos dos argumentos contra a idéia de a tela ser o retrato de Jane Austen eram extremamente fracos."

 

"Concretamente, estavam nos chamando de mentirosos. Então iniciamos uma cruzada."

 

"Tivemos sorte em função das pessoas que conhecemos, várias delas americanas, e a coisa foi ganhando força, mas houve resistência acirrada e provavelmente ainda haverá."

 

Rice ofereceu a tela várias vezes à National Portrait Gallery (galeria nacional de retratos), em Londres, mas a galeria a recusou em função das dúvidas quanto à autenticidade de seu tema.

 

"Por isso resolvemos levar a tela aos EUA, onde ela tem mais amigos", disse Rice.

 

Os leiloeiros da casa Christie's disseram que têm suficiente certeza quanto às pesquisas recentes para seguir adiante com o leilão do quadro, obra do pintor da sociedade inglesa Ozias Humphry.

 

Fonte: Reuters