Barcelona - O Museu Picasso de Barcelona ganha uma aparência condizente com o século 21. Com um investimento de 5,4 milhões de euros e após dois anos de trabalho intenso, a ampliação, restauração e nova programação visual do Museu Picasso de Barcelona foi concluída em 90% no mês passado.

 

O museu é fruto da passagem de Pablo Picasso por Barcelona em fins do século 19 e princípios do 20. "A Barcelona que Picasso conheceu era uma cidade viva, ativa e culturalmente aberta, apesar da Espanha e da Catalunha viverem momentos sociais muito duros. Picasso era então um jovem de uns 20 anos, que de Barcelona olhava para a França, o país para onde todos os artistas queriam ir", conta a diretora do museu María Teresa Ocaña. Ele planejou a criação do museu em conversa com os amigos, que costumava encontrar no restaurante Os Quatro Gatos, próximo do museu.

 

O museu possui uma coleção permanente de 3,6 mil obras de arte, entre pinturas, desenhos, gravuras e cerâmicas. "O destaque são as obras da juventude de Picasso, as mais importantes do mundo; muitas obras de seu chamado período azul; e a série As Meninas", diz María Teresa.

 

Uma longa história artística e arquitetônica culmina nesta renovação do museu da rua Motcada, na parte antiga da Cidade Condal. Instalado num prédio do século 15, o espaço lúgubre ganha luminosidade, com a obra do arquiteto Jordi Garcés, cujo maior desafio foi "reinventar este espaço labiríntico". Já a nova programação visual criada pelo desenhista Aldo Ariza sinaliza para o visitante a lógica do percurso, que é a de um passeio cronológico pela obra de Picasso.

 

As exposições temporárias dão dinamismo ao museu. Atualmente, está em cartaz a mostra Picasso: da Caricatura às Metamorfoses do Estilo. Segundo María Teresa, algumas dessas peças jamais tinham sido expostas ao público.

 

Nesta série de desenhos predomina o elemento grotesco, que é uma das características fundamentais do trabalho de Picasso. "No início do século 20, Picasso fazia caricaturas de seu irmão, seus amigos, de todos que lhe pediam", conta María Teresa. Essas caricaturas antecipam a distorção, que foi uma das rotas definidoras do seu estilo, a partir dos anos 1920, com a qual conviveu o grotesco, o sarcasmo e a acidez tão características de sua personalidade artística".

 

Gabriel Contreras