Orgulhoso de suas 9.756 obras, que o colocavam como principal acervo do gênero na América Latina e entre os maiores espaços dedicados a cartuns, charges, caricaturas e quadrinhos no mundo, o Museu das Artes Gráficas do Brasil estabeleceu um novo recorde: o de menor tempo de vida.

 

 

Inaugurado em 16 de dezembro passado num espaço do Arquivo do Estado, em Santana (zona norte de SP), o museu foi desativado oficialmente na semana passada, a mando da secretária estadual de Cultura, Cláudia Costin.

 

"Eu achei interessante um Museu de Artes Gráficas e, quando fui visitar, vi que não tinha ninguém visitando. Eles vieram oferecer esse acervo em troca de R$ 13 mil por mês. Só que com R$ 13 mil o Estado pode comprar esse acervo", justifica a secretária.

 

Segundo Costin, a decisão foi tomada com base em um relatório apresentado pelo diretor da Pinacoteca do Estado, Marcelo Araújo, que sugeriu que o acervo do MAG fosse transferido para a própria Pinacoteca ou para o Museu da Imagem e do Som.

 

Gualberto Costa, 48, presidente da instituição, rebate: "A gente lutou 20 anos para conseguir esse espaço e a proposta que recebemos é doar para o MIS? R$ 13 mil não é nada para se gastar com um museu que é o único no Brasil".

 

De acordo com ele, um dossiê de cerca de mil páginas teria sido entregue à secretaria no início do ano com 44 projetos e 12 exposições para o ano de 2003, que envolveriam individuais de Ziraldo, Jota Carlos e Fernando Gonsales.

 

Um abaixo-assinado organizado por cartunistas, artistas e simpatizantes está circulando na internet para ser entregue ao governador Geraldo Alckmin. Até a conclusão desta edição o documento contava com 1.849 assinaturas.