costa 8e87c1865 - 1926

O pintor João Baptista da Costa (Itaguaí RJ 1865 - Rio de Janeiro RJ 1926) é reconhecido como um dos grandes pintores de paisagem brasileiros da passagem do século XIX para o século XX. Nasce muito pobre e fica órfão aos oito anos de idade. Depois de perder os pais, passa um tempo morando com parentes, não consegue se adaptar e foge para o Rio de Janeiro em 1873. Lá vive no Asilo de Menores Desamparados, onde aprende música, encadernação e desenho. O professor Antônio de Souza Lobo (1840-1909) observa sua aptidão e o estimula a prosseguir os estudos em artes, conseguindo apoio do Barão de Mamoré no ingresso de Baptista da Costa na Academia Imperial de Belas Artes, Aiba, em 1885. Na Academia, Baptista da Costa aprende pintura com Zeferino da Costa (1840-1915) e depois com Rodolfo Amoedo (1857-1941), de quem assiste aulas até se formar em 1889.

 

 Durante o seu período como aluno, a Academia sofre um processo de transição, saindo de uma orientação majoritariamente neoclássica para outra mais realista. A mudança acompanha, de certo modo, a transição do Segundo Reinado para a República, da Academia Imperial para Escola Nacional de Belas Artes, Enba. As pinturas passam a tratar de temas menos grandiloqüentes, com situações mais amenas e com uma composição harmônica e descritiva.

 Em 1890, o pintor mostra seus trabalhos pela primeira vez na Exposição Geral de Belas Artes. Cerca de quatro anos depois, pinta a tela Em Repouso (ca.1894). Na pintura desta cena rural, a predominância do ambiente sobre a figura denuncia o maior interesse de Baptista da Costa pela paisagem. Com ela o artista ganha o prêmio Viagem Ao Estrangeiro na 1ª Exposição Geral de Belas Artes em 1894, mudando-se para a França em 1896. Lá passa a assistir as aulas de pintura de Robert Fleury e Jules Joseph Lefebvre (1836-1912), na Académie Julian. Em sua estada européia, o artista conhece a Alemanha e a Itália. Volta ao Brasil em 1898, bastante amargurado, após perder sua primeira esposa.

 

 Na sua volta, o artista expõe anualmente nos Salões nacionais, recebendo medalha de ouro de segunda classe em 1900, de primeira classe em 1904 e a grande medalha de ouro em 1908. Em 1906, é convidado pela academia a substituir Rodolfo Amoedo na coordenação do ateliê de pintura. Neste momento, seu trabalho elimina progressivamente os personagens e passa a se ocupar da descrição da paisagem rural. A produção de Baptista da Costa é vasta e pinta importantes quadros de cenas de gênero e retratos como o de João Gomes do Rego e Dom Pedro II, mas é na pintura de paisagens que ele se consagra.

 A dedicação, cada vez maior, à paisagem, é simultânea à sua aproximação de procedimentos de observação direta da cena brasileira. Baptista da Costa retrata a paisagem rural sem os arroubos românticos de Antônio Parreiras (1860-1937). Evita as idealizações dos pintores acadêmicos anteriores, procurando, em telas como Quaresmas, uma relação contemplativa com a natureza brasileira. Apesar de existir semelhanças de procedimento e de poética deste pintor com artistas franceses como os membros da Escola de Barbizon e Jean-Baptiste-Camille Corot (1796-1875), pode se dizer que Baptista da Costa é mais contido. Ele compõe panoramas de uma natureza variada, mas evita relações desiguais e fortes contrastes. As paisagens são harmônicas e serenas, tudo aparece acolhedor e pacificado.

 

 Em 1915 o artista é homenageado com duas honrarias. Uma artística: a Medalha de Honra da 22ª Exposição Geral de Belas Artes. A outra é a sua eleição como diretor da Escola Nacional de Belas Artes, cargo que exerce até o fim de sua vida sem deixar de dirigir o ateliê de pintura. Nessa função, Baptista da Costa forma muitos discípulos na pintura de paisagem, como Levino Fanzeres (1884-1956), Francisco Manna (1879-1943) e Vicente Leite (1900-1941). Apesar de não aceitar o modernismo, que julgava cabotino e anárquico, Baptista da Costa foi importante na formação de pintores próximos das linguagens de vanguarda, como Candido Portinari (1903-1962) e Manoel Santiago (1897-1987).

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